PENINHA
NO COLO
Lázaro
Mariano – 1305/2017
Homenagem ao dia das mães da Escola Raul.
Quando
vi aquele filme comentei com minha mãe, porque sabia que ela iria entender do
que estava dizendo. Aliás ela entende tudo!
Morávamos
num local no interior em que não havia luz elétrica, a brasa era uma de nossas
maiores fontes de energia além do amor. “É uma brasa! Mora? ”
Vendo
aquele rapaz especial contando histórias no ponto de ônibus lembrei também da
minha contadora de histórias. Sobre os tabuleiros que fazia com latas de óleo
vazias, abarrotados de brasas, dispúnhamos, os 9 filhos em círculo sob a
coordenação fenomenal de uma maestrina.
Aquela
pena do filme lembrava-me as corridas pelo terreiro de chão batido soprando
aquela plumagem mais fina das galinhas. Ela voava, voava... E a nossa intenção
é que não caísse continuasse pairando sob a força de nosso sopro, aquele afago
na alma... Parece que corríamos em “Câmera Lenta”.
Enfim,
aquela pena do filme voa constante e cai no colo de “Forrest” que a guarda
dentro do livro e continua contando histórias para quem passasse.
Quando
minha mãe começava, a nossa imaginação era uma pena voando e pairando através
de fantasias e imaginação que só mãe consegue produzir na cabeça de filho.
Assim
como Forrest, a mãe vira criança se quiser e nunca tem dificuldades em entender
seus filhos e voltar ao mundo adulto, são pessoas iluminadas, mas existem
algumas que são o próprio sol.
Minha
mãe sempre contava assim como “Forrest” fez que houveram duas pessoas que a
influenciaram muito; uma foi a sua avó, a outra, seu pai, companheiro
inseparável nas confidências e nas lidas da roça desde tenra idade.
Seu
pai não quis deixa-la sem escola e por isso, contratou um rapaz que sabia ler
para ensiná-la durante seis meses. Ela aprendeu as quatro operações, aprendeu a
escrever, mas contar estórias como ela... Só com outra mãe, a sua própria avó.
Neste
mundo paralelo que criava, nos empurrava para frente como um carrinho de rolimã,
sempre nos ensinou a não nos conformar com limitações e nem baixar a cabeça
para vaidade alheia.
Como
“Forrest” se livrava daquele aparelho que cortava suas asas, assim fazia
sentido as estórias em nossas vidas, as orações, o chá quente, o bolinho de polvilho...
E quantos tem histórias assim? Todos nós, porque mãe é única!
E
essas mães produzem irmãos que se irmanam, que se amam, que depois de adultos
continuam repetindo dizeres de antes por influência de mulheres como estas, que
são o próprio sol nos regando a vida.
Há
aqueles que digam “...que são a
continuação de nós mesmos, como a nossa mão é a extensão de nosso braço. Você é isso para mim, uma continuação do meu
jeito de ser, de viver e de olhar o mundo, talvez a luta pela sobrevivência da
numerosa e pequena família (numerosa para os dias de hoje e pequena para década
de 60) nos deu estas características.” (João Antônio).
E
de repente a gente se pega chorando ao lembrar dos outros e das mães de nosso
núcleo, de núcleos maiores e das mães do mundo, assim como elas que se
flagradas nesta emoção, dirão caíram ciscos nos olhos.
Essa
vida, sobretudo o amor que nos encanta por essa mulher única, vai fazendo a
gente não querer sair do colo nunca, em temer as perdas, os medos, mas chega um
ponto que é necessário e o tempo nos pega já querendo ir-voltando.
Nunca
estaremos prontos e pensamos que as mães sempre estão... e para tudo!
Nossas
mães nos ensinaram a cuidar de nós mesmos deixando de cuidar delas para também
cuidar de nós. São egoístas sem saber em nos querer só pra elas, no entanto
gostamos desse egoísmo e vamos deixando de nos perceber em pessoas como elas,
exemplos infinitos a seguir.
Somos
vulneráveis como uma pena, um sopro nos leva a vida de um lado pra outro e há
horas que nem sabemos pra que lado o vento vai. Quando ainda se tem uma mãe do
lado a “peninha” volta para o colo.
E
quando não tiver mais?
Que
nos deixemos levar pelo sopro de Deus nos curando a alma e crescendo gigantes
como essas mulheres!
“Mãe?
É só uma! ”
Aqui Dona Aparecida (minha mãe) contado o causo do "Bicho da Zagaia"
Post Scriptum: Confiram as fotos na nossa "time line" no Facebook.
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