sábado, 13 de maio de 2017

PENINHA NO COLO

PENINHA NO COLO
Lázaro Mariano – 1305/2017
Homenagem ao dia das mães da Escola Raul.


A mulher que não para, de disposição infinita e transcendental. Algumas nem se sabe se são desse mundo, basta apenas um minuto de prosa e a alma voa como pluma, como a pena do filme “Forrest Gump”.

Quando vi aquele filme comentei com minha mãe, porque sabia que ela iria entender do que estava dizendo. Aliás ela entende tudo!

Morávamos num local no interior em que não havia luz elétrica, a brasa era uma de nossas maiores fontes de energia além do amor. “É uma brasa! Mora? ”

Vendo aquele rapaz especial contando histórias no ponto de ônibus lembrei também da minha contadora de histórias. Sobre os tabuleiros que fazia com latas de óleo vazias, abarrotados de brasas, dispúnhamos, os 9 filhos em círculo sob a coordenação fenomenal de uma maestrina.

Aquela pena do filme lembrava-me as corridas pelo terreiro de chão batido soprando aquela plumagem mais fina das galinhas. Ela voava, voava... E a nossa intenção é que não caísse continuasse pairando sob a força de nosso sopro, aquele afago na alma... Parece que corríamos em “Câmera Lenta”.

Enfim, aquela pena do filme voa constante e cai no colo de “Forrest” que a guarda dentro do livro e continua contando histórias para quem passasse.

Quando minha mãe começava, a nossa imaginação era uma pena voando e pairando através de fantasias e imaginação que só mãe consegue produzir na cabeça de filho.

Assim como Forrest, a mãe vira criança se quiser e nunca tem dificuldades em entender seus filhos e voltar ao mundo adulto, são pessoas iluminadas, mas existem algumas que são o próprio sol.

Minha mãe sempre contava assim como “Forrest” fez que houveram duas pessoas que a influenciaram muito; uma foi a sua avó, a outra, seu pai, companheiro inseparável nas confidências e nas lidas da roça desde tenra idade.

Seu pai não quis deixa-la sem escola e por isso, contratou um rapaz que sabia ler para ensiná-la durante seis meses. Ela aprendeu as quatro operações, aprendeu a escrever, mas contar estórias como ela... Só com outra mãe, a sua própria avó.

Neste mundo paralelo que criava, nos empurrava para frente como um carrinho de rolimã, sempre nos ensinou a não nos conformar com limitações e nem baixar a cabeça para vaidade alheia.
Como “Forrest” se livrava daquele aparelho que cortava suas asas, assim fazia sentido as estórias em nossas vidas, as orações, o chá quente, o bolinho de polvilho... E quantos tem histórias assim? Todos nós, porque mãe é única!

E essas mães produzem irmãos que se irmanam, que se amam, que depois de adultos continuam repetindo dizeres de antes por influência de mulheres como estas, que são o próprio sol nos regando a vida.

Há aqueles que digam “...que são a continuação de nós mesmos, como a nossa mão é a extensão de nosso braço. Você é isso para mim, uma continuação do meu jeito de ser, de viver e de olhar o mundo, talvez a luta pela sobrevivência da numerosa e pequena família (numerosa para os dias de hoje e pequena para década de 60) nos deu estas características.” (João Antônio).

E de repente a gente se pega chorando ao lembrar dos outros e das mães de nosso núcleo, de núcleos maiores e das mães do mundo, assim como elas que se flagradas nesta emoção, dirão caíram ciscos nos olhos.

Essa vida, sobretudo o amor que nos encanta por essa mulher única, vai fazendo a gente não querer sair do colo nunca, em temer as perdas, os medos, mas chega um ponto que é necessário e o tempo nos pega já querendo ir-voltando.

Nunca estaremos prontos e pensamos que as mães sempre estão... e para tudo!

Nossas mães nos ensinaram a cuidar de nós mesmos deixando de cuidar delas para também cuidar de nós. São egoístas sem saber em nos querer só pra elas, no entanto gostamos desse egoísmo e vamos deixando de nos perceber em pessoas como elas, exemplos infinitos a seguir.

Somos vulneráveis como uma pena, um sopro nos leva a vida de um lado pra outro e há horas que nem sabemos pra que lado o vento vai. Quando ainda se tem uma mãe do lado a “peninha” volta para o colo.

E quando não tiver mais?

Que nos deixemos levar pelo sopro de Deus nos curando a alma e crescendo gigantes como essas mulheres!

“Mãe? É só uma! ”


Aqui Dona Aparecida (minha mãe) contado o causo do  "Bicho da Zagaia"


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