quinta-feira, 19 de março de 2020

MAIS HUMANO


Lázaro Mariano – 12/02/2020
Ninguém educa ninguém,
Ninguém educa a si mesmo,

Educam entre si também,
E não jogados a esmo,
Mediatizados pelo mundo,
Algo muito mais profundo,
Não o mesmo que abismo.
Não existe um ser neutro,
Educação muito menos,
Ser humano não é grito,
Assim começa perdendo,
É instrumento que facilita,
Pela prática que fica,
Em gerações se fazendo.
A prática da liberdade,
A lidar de forma crítica,
Envolto à realidade,
Lugar do qual participa,
Na transformação de mundo,
Que vem no fazer fecundo,
Da mão de quem se habilita.
Qualquer que seja a educação,
É ser humano presente,
É seu ser posto em ação,
Tendo a prática como frente,
Isso vai fazer sentido,
Com homem e mulher vindos,
Numa linha coerente.
Através da aprendizagem,
Que podem fazer e refazer,
E mostrar que são capazes,
De se assumirem como ser,
Com a responsabilidade,
Sobre toda essa verdade,
Que são capazes de conhecer.
Leitura é ato de amor,
Não somente por prazer,
Nada de ódio ou rancor,
Arrancando o seu querer,
É ser humano que entoa,
E a alegria então lhe soa,
Vê que ama quando lê.
Um encontro do achado,
Como um processo de busca,
Cada livro folheado,
Não há mais o que ofusca,
Então, outro ser humano surge,
De dentro uma luz que urge,
Refletindo um ser que luta.
Não se dá fora da busca,
Por dentro tem boniteza,
Uma alegria que custa,
Que não faz só por beleza,
Professor é ser humano,
Não se faz em cinco anos,
É pura raça e destreza.
Hoje há poucos que desejam,
O papel de educar,
Outros horizontes almejam,
Assim passam a se mostrar,
Que nosso trabalho é duro,
Não se dá só entre muros,
Fora dele a enveredar.
Se a educação sozinha,
Não transforma a sociedade,
Sem ela tampouco alinha,
Uma mudança de verdade,
Ninguém liberta ninguém,
Sem um pensar fica aquém,
Sem asas da liberdade.
E comungar é preciso,
Para qualquer ser humano,
Não é mover impreciso,
É um fazer pelos anos,
A se mover como gente,
Não por um triscar tangente,
A ponto de provocar danos.
A opressão é obstáculo,
Grave para libertação,
Pode absorver de fato,
Os que nela já estão,
E age para submergir,
Na consciência inferir,
E não formar cidadão.
O ser humano é leitura,
De seu mundo e da palavra,
E junto com sua cultura,
Do que produziu na lavra,
É posição que ocupa,
Que seu contexto ilustra,
Pela mão do qual trabalha.
Quem é de fato humano,
É quem confia no povo,
Que o envolve na luta,
Do que ação por estorvo,
Se não há amor no mundo,
Nem pela vida, contudo,
Não tem um diálogo novo.
Fonte:
1) Pedagogia do Oprimido – Paulo Freire (1968)
2) Pedagogia da Autonomia – Paulo Freire (1996)
3) Pedagogia da Esperança – Paulo Freire (1992)
4) Educação como Prática da Liberdade – Paulo Freire (1965)
Paulo Freire
Wellington Martins
Desenho caligráfico impresso como print em papel linho.

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